Agricultura Digital: saiba por que investir em profissionais de tecnologia para este mercado

O agronegócio é responsável por 27% de todas as riquezas produzidas em território nacional. Considerado um dos mais sólidos e rentáveis segmentos econômicos brasileiros, tem previsão de aumento de 10% em seu PIB para 2023.

Ainda assim, há muitos desafios a serem encarados pelo setor. Na COP26, conferência anual climática, realizada no ano passado, o Brasil firmou compromisso de reduzir em 50% a emissão de gás carbônico na atmosfera. Por outro lado, para o Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), o Brasil terá que aumentar em 41% sua produção até 2030 para atender a demanda mundial por alimentos. Como lidar com objetivos aparentemente tão contrastantes?

A solução está na chamada Agricultura Digital, termo que dialoga diretamente com os processos de tecnologia e digitalização na agricultura e na agroindústria. E é sobre esse mercado que vamos falar no decorrer deste artigo.

O que é Agricultura Digital

Costumamos chamar de Agricultura Digital o emprego de tecnologias e inovações em prol das atividades rurais. Ou seja, trata-se do uso de dispositivos, aparelhos, softwares, aplicativos e demais ferramentas tecnológicas que facilitem a vida dos produtores rurais.

Também conhecida como Agricultura 4.0, esse movimento busca promover uma conectividade maior no campo, espaço geográfico em que a comunicação costuma ser comprometida por barreiras físicas.

Com a chegada desses recursos à zona rural, espera-se que esse produtor consiga lidar com dados importantes relacionados a todos os aspectos que dizem respeito a sua lida diária: do solo e clima até a presença de pragas e doenças que podem afetar sua produção.

Assim, alcançar resultados melhores ou mesmo agir de forma antecipada diante de eventuais prejuízos se torna mais fácil. Sem falar que o aproveitamento dos recursos naturais é muito maior, reduzindo significativamente possíveis impactos negativos ao ambiente – do uso otimizado do solo e da água, ao combate mais limpo das pragas.

Agricultura Digital no Brasil

Como bem sabemos, o Brasil ainda encara algumas dificuldades no que diz respeito à democratização do acesso ao digital – e no campo, isso não é diferente. Inclusive, de acordo com uma pesquisa do Inpe, Embrapa e Sebrae, a falta de cobertura de internet é o maior problema para adoção da Agricultura Digital para 61,4% dos entrevistados.

Mesmo com a desigualdade econômica, que afasta pequenos produtores do acesso a tecnologias, a Agricultura 4.0 se tornou inevitável, e boa parte do campo brasileiro já usufrui das diversas vantagens propiciadas pela digitalização. Algumas das principais, que já estão disponíveis no mercado e presentes na vida de muitos produtores agrícolas são:

  • Monitoramento em tempo real;
  • Agricultura de precisão;
  • Uso de sensores, como para irrigação, por exemplo;
  • Gestão de frotas via dispositivos mobile;
  • Realidade aumentada/metaverso para otimização do uso de maquinário;
  • Uso de inteligência artificial no combate a pragas;
  • Vídeo analytics para controle de qualidade e segurança nos processos;
  • Mais segurança às pessoas durante as operações;
  • Manutenção preventiva de equipamentos;
  • Rastreamento dos produtos, da produção à venda para o cliente final.

No entanto, há algumas dificuldades no caminho entre o campo e a digitalização plena, e boa parte envolve carências do mercado, entre as quais podemos destacar a falta de mão de obra qualificada, o desafio cultural de inserir a tecnologia no cotidiano de boa parte dos produtores rurais e a ausência de uma conectividade de qualidade.

Por esses e outros motivos, o grande foco do setor agro nacional para um futuro bastante próximo é aliar pesquisa, desenvolvimento e inovação na área da Agricultura Digital, bem como colocar à disposição dos produtores novas tecnologias que permitam o aumento da produtividade, pensando sempre em sustentabilidade.

Tendências do mercado da Agricultura 4.0

As novidades tecnológicas surgem com grande velocidade e, claro, no agronegócio não é diferente. A Agricultura 4.0, além de extrair o máximo de produtividade enquanto busca reduzir os impactos ao ambiente, torna mais assertiva a tomada de decisões por parte dos produtores.

Neste novo cenário, em que o profissional do campo tem todos os dados necessários na palma da sua mão e já deixou no passado aquela imagem de quem só cuidava manualmente da terra, há uma série de tendências tecnológicas que pretendem revolucionar ainda mais o agronegócio. Conheça algumas delas:

Sensores

Dispositivos capazes de detectar, ler e registrar informações e dados sobre solo, clima, plantação e até mesmo o desempenho do maquinário, já são utilizados para irrigação automatizada. 

Softwares e apps

Voltados para o agronegócio, esses programas permitem aos produtores o acesso por computadores ou smartphones a opções como mapeamento de área, controle de maquinário, bancos de dados sobre pragas e doenças, previsão do tempo e até o acompanhamento, em tempo real, do preço de insumos e produtos diversos.

Marketplace

Espaços virtuais para o comércio de matéria-prima, insumos, produtos e até maquinários, que podem ser realizados inclusive por aplicativos para smartphones.

Drones

Permitem e auxiliam na captação de imagens para identificação e mapeamento da área, produção e até mesmo na pulverização local.

Maquinários autônomos

Em diversas localidades, já existem equipamentos controlados de forma remota, ou seja, sem um motorista conduzindo. Quanto utilizada em parceria com outras ferramentas, permite o controle inteligente de cultivo, feito de acordo com as necessidades da plantação – parte da chamada Agricultura de Precisão.

Inteligência artificial

Utilizada atualmente para o plantio, a irrigação, a aplicação de fertilizantes, a identificação e a remoção de ervas daninhas e até para alimentar animais em fazendas pecuárias, a inteligência artificial tem chegado cada vez a mais propriedades, levando consigo seus diversos benefícios.

IoT (Internet das Coisas)

Falando sobre conectividade e tecnologia, fica difícil não pensar em Internet das Coisas (IoT). Há processos em desenvolvimento para possibilitar que o próprio maquinário tome decisões, sem comando humano, em uma especialização conhecida como Edge Analytics.

Profissionais da tecnologia para o mercado agro

Com o mercado agro em plena expansão, a busca pela tão desejada transformação tecnológica também tem sido acelerada de forma exponencial, o que abre diversas oportunidades profissionais. Inclusive, boa parte destas vagas é destinada a especialistas de diferentes áreas, que lidam com este mercado sem deixar as zonas urbanas onde se encontram, de forma remota.

Para se ter uma ideia do potencial empregatício do agro: de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mais de 150 mil vagas ligadas ao agronegócio foram abertas no Brasil ao longo de 2021. 

Já para o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP, a população empregada no setor entre abril e junho deste ano somava mais de 19 milhões de pessoas, um aumento de 4,6% em relação ao mesmo período do ano passado. Ou seja: o agronegócio emprega um em cada três trabalhadores do país.

E falando em mercado de tecnologia voltada para o campo, os números são ainda mais expressivos: segundo estimativas, ele deve movimentar US$ 8,33 bilhões até 2026, auxiliando na criação de 178,8 mil vagas de emprego no Brasil, até 2023, de acordo com a pesquisa “Profissões emergentes na Era Digital: oportunidades e desafios na qualificação profissional para uma recuperação verde”, realizada em conjunto pela Agência Alemã de Cooperação Internacional (GIZ), pelo Senai e pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

Agora, como contar com mão de obra devidamente qualificada em um nicho com alto déficit profissional (são cinco vagas abertas para cada especialista disponível no mercado)?

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